terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Livro / Humor : O Planeta Diário

O PLANETA DIÁRIO

Se você se assustou ou se chocou quando entrou aqui no fim-de-semana passado e leu o post abaixo, você não viu nada.

Hoje em dia, em tempos de internet, você lê tudo quanto é tipo de coisa. Nada mais choca, nem meu post (que, no máximo deve ter sido tachado de "idiota" ou "sem-sentido e sem-graça" por alguns internautas). Mas, em 1984, se você não trabalhava no Pentágono e morava no Brasil, a internet não existia e estávamos saindo de um longo período de ditadura. Um período em que se você queria manisfestar alguma idéia, tinha que ser nas entrelinhas.

De repente, de uma hora pra outra, a liberdade de expressão ressurge. O que fazer com isso? Estávamos tão acostumados a inventar subterfúgios para dizer as coisas... o que fazer agora quando era só dizer o que pensava? Ou será que não era bem assim? Será que se a gente falasse alguma coisa algum orgão do governo iria atrás da gente? O que se pode fazer, afinal? O que não se pode?

Sem as respostas para estas questões e na cara-de-pau surgiu nas bancas o jornal "O Planeta Diário" (sim, o mesmo nome do jornal do Superman). Imagine você chegar numa banca e ao lado da Folha de São Paulo, do Estadão, do Jornal da Tarde você se deparar com um jornal com manchetes como "DEPOIS DA CHINA, SARNEY IRÁ À MERDA", "MÉDICI MORRE, MAS PASSA BEM", "VIADOS QUEREM QUE NOVO PRESIDENTE ASSUMA LOGO", "MULHER DE DEPUTADO DÁ À LUZ BEBÊ COM DUAS CABEÇAS E TRÊS EMPREGOS", "CANDIDATOS EPILÉTICOS SE DEBATEM NA TV"...


Sem saber direito onde estavam pisando os (hoje) "Cassetas" Reinaldo, Hubert e o redator Claudio Paiva (hoje "Grande Família") colocaram o jornal com manchetes e matérias absurdas e esdrúxulas nas bancas e se depararam com um sucesso nas mãos.

O jornal durou de 1984 a 1992 mas em 1988 eles foram chamados pela Globo, junto com outros humoristas (como os da revista "Casseta Popular", mas esta é outra história) para escreverem um programa novo chamado "TV Pirata". Quando o TV Pirata acabou, um novo projeto chamado "Dóris para Maiores"(1991) colocou os humoristas à frente das câmeras como "repórteres", formato que eles usam até hoje no programa que sucedeu "Dóris", o "Casseta e Planeta".


Hoje em dia (na verdade há pelo menos 10 anos), com o "politicamente correto" imperando, o Casseta perdeu muito da sua graça. Dia desses li o Reinaldo falando que é complicado pois eles estão na maior emissora brasileira e falando com um público enorme e que se mantivessem a mesma linha iam acabar ofendendo muita gente. É verdade mesmo. Mas essa pasteurização fez com que os anos dourados dos integrantes do Planeta (e da "Casseta" também) ficasse mesmo na década de 80 e começo de 90.


Justamente a década retratada na ótima coletânea lançada pela editora Desiderata. Apesar de tirar aquele choque inicial de trombar com as manchetes absurdas nas bancas, o livro é uma ótima pedida para quem curte humor nonsense e politicamente incorreto. E a edição ficou bonitona, grande e com 350 páginas. Vale cada centavo. E espero que assim como eles fizeram com o Pasquim, lancem novas edições com mais coletâneas do Planeta.

Cotação: 9 latidos

O Planeta Diário, Ed. Desiderata, Por: Reinaldo, Hubert e Cláudio Paiva

Capa em brochura, Preto e branco, 22 x 30 cm, 348 páginas, R$45,00 (em média)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Feriado em São Paulo

FERIADO EM SÃO PAULO:

BANCOS FECHAM MAS CUS
ABRIRÃO NORMALMENTE

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Confira esta e outras notícias ainda neste fim-de-semana no Cachorro Verde.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Nostalgia 1



Esta foto foi tirada no dia que meu pai achou eu e meus irmãos na estrada e resolveu nos adotar (segundo ele).

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Crítica CC: Alta Fidelidade

Eu considero o site "Cinema em Cena" o melhor do Brasil em relação a notícias sobre filmes e críticas. Então vai ser meio comum eu pinçar umas coisas de lá. Como esta crítica:



Dirigido por Stephen Frears. Com: John Cusack, Jack Black, Iben Hjejle, Todd Louiso, Lisa Bonet, Catherine Zeta-Jones, Lily Taylor, Joan Cusack e Tim Robbins.

Sei que dificilmente estarei sendo original ao fazer isso, mas não consigo resistir. Assim sendo, passo a listar as cinco melhores coisas existentes em Alta Fidelidade, um filme realmente interessante e divertido de se assistir:

1) O fato de Rob Gordon (Cusack) estar sempre conversando com o espectador;
2) A cena na qual Rob imagina como deve reagir à visita de Ian (Robbins), com quem sua ex-namorada está morando;
3) A trilha sonora;
4) Qualquer cena na qual Barry (Black) e Dick (Louiso) apareçam;
5) O título.

Porém, como esta seção do Cinema em Cena se propõe a fazer análises mais detalhadas dos filmes abordados, passo a elaborar um pouco melhor os itens acima:

1) John Cusack é um ator atípico: apesar de estar sempre interpretando personagens de caráter dúbio e propensos a cometerem atos absurdamente desprezíveis (como em Os Imorais, Tiros na Broadway, Matador em Conflito, Alto Controle, Quero Ser John Malkovich, entre outros), não podemos dizer que ele se repete. Nem mesmo o fato de seus personagens estarem sempre dispostos a reconhecer suas falhas perante o espectador pode ser usado como base de comparação, já que todos os filmes citados acima são radicalmente diferentes entre si. A verdade é que só há um ponto semelhante entre todos estes indivíduos interpretados por Cusack: eles são seres humanos comuns que cometem os mesmo equívocos que qualquer um de nós poderia cometer (excetuando-se, talvez, o assassino de Matador em Conflito - e, mesmo assim, somente se o analisarmos de maneira literal).

Cusack é um desses atores (como Eric Stoltz) que não parecem estar interessados na fama; o que importa é encontrar bons papéis em filmes que possuam algum mérito artístico, alguma pretensão além de alcançar boas bilheterias. Justamente por isso, seus trabalhos costumam atingir o espectador de forma pessoal, levando-o a analisar o próprio comportamento e sua postura diante das dificuldades do dia-a-dia. Esta identificação torna-se ainda mais real em Alta Fidelidade, já que o personagem de Cusack confidencia com a platéia durante toda a narrativa - algo que o transforma em um de nossos `amigos` (principalmente porque ficamos a par de seu sofrimento e de sua angústia ao ser abandonado pela namorada). Assim, quando descobrimos suas pequenas falhas de caráter, somos levados a perdoá-lo - afinal de contas, poderíamos cometer os mesmos equívocos que ele.

2) Esta `proximidade` ressalta-se ainda mais graças a pequenos recursos utilizados pela direção fluida de Stephen Frears. Tomemos, como exemplo, a cena em que Rob recebe uma visita de Ian, atual companheiro de sua ex-namorada: ao ser confrontado pelo sujeito, ele imagina diversas `respostas` apropriadas para a situação. Além de irreverente e construtivo para a narrativa, este é meio ideal para estreitar os laços entre a platéia e o protagonista da trama - afinal de contas, quem nunca se encontrou nesta situação? Quem nunca pensou, depois de uma discussão: `Meu Deus, eu deveria ter dito isso ou aquilo!`; `Por que não o expulsei da sala?`, `Por que não fui mais irônico?`, ou algo assim?

Em certo momento, Rob afirma que `o que importa é do que gostamos, não o que somos`. Isto pode até não ser verdade, mas é assim que a maioria das pessoas age - e, ao abrir estas pequenas `janelas` para a mente do personagem, Frears permite que vejamos não apenas o que ele gosta, mas também quem ele é e o que pensa.

3) Não que o gosto musical do personagem de Cusack não seja relevante; na verdade, ele é a tradução sonora de seu caráter. Logo no começo do filme, Rob diz não saber se sua vida é miserável porque ele ouve música pop, ou se ele ouve música pop porque sua vida é miserável. Provavelmente, a solução para o problema reside em um meio-termo: afinal de contas, todos nós associamos certas canções a determinados sentimentos. Eu, por exemplo, costumo sentir certa melancolia sempre que ouço The Sound of Silence (especialmente o verso que diz que `o silêncio cresce como um câncer`). Da mesma forma, tenho absoluta certeza de que você também mantém ligações especiais com determinadas músicas. Assim como Rob, qualquer um de nós poderia organizar uma coleção de discos (ou CDs) em ordem autobiográfica. Às vezes, até canções que odiamos possuem certa relevância em nossas vidas. A verdade final? Todos temos uma trilha sonora que ilustra nossa existência.

4) É claro que Rob (e seus assistentes, Dick e Barry) tem a sorte de trabalhar justamente em uma loja de vinis (ah, que saudades daquele chiado...), o que lhe permite levar uma vida literalmente musicada. Aliás, a música é tão importante na existência destes três rapazes que chega a espelhar o próprio temperamento de cada um: Barry, o explosivo, gosta de ritmos mais agitados e letras mais apologéticas; Dick, o sentimental, aprecia melodias mais tranqüilas e versos românticos; e, por último, Rob faz jus ao seu humor oscilante e demonstra ser mais eclético em suas preferências.

5) Mas não é só o humor de Rob que oscila: seu coração também se revela bastante volúvel. Até mesmo sua dor-de-cotovelo com relação ao término de seu namoro é prova cabal disso, já que ele mesmo confessa ter se interessado por outras garotas enquanto ainda morava com Laura (Hjejle). Assim, a Alta Fidelidade do título não se refere apenas ao mundo musical de Rob, mas também representa a definição de seu comprometimento com a namorada - tornar-se fiel é um passo importante para seu crescimento.

Mesmo assim, não podemos ignorar a curiosa analogia presente no título do filme: afinal, o comportamento eternamente adolescente e imaturo do rapaz acaba se refletindo no próprio contraste entre o vinil (símbolo do passado) e o CD (o presente, o futuro). Não é à toa que a primeira atitude de Rob ao decidir dar novos rumos a sua vida é produzir um CD (renovação), mesmo que ainda utilize seus vinis (sua bagagem, seu aprendizado) na festa de lançamento do mesmo.

É uma pena que eu não possa incluir mais um item nesta lista de qualidades de Alta Fidelidade, já que isso arruinaria a brincadeira. Se eu pudesse, mencionaria justamente o hábito cultuado por Rob de fazer listas dos `Cinco Mais` sobre qualquer tema. Neste caso, eu não poderia deixar de classificar este filme como um dos cinco melhores do ano. Mas creio que já me fiz entender...

Pablo Villaça, Cinema em Cena, 19 de Novembro de 2000


Pôster: Alta Fidelidade


Alta fidelidade



Acabei de papear gostoso com a Fal no telefone e me lembrei de mais um caso de "coincidência criativa", chamemos assim.
Na primeira metade dos anos 90 eu terminei o colegial e passei 1 ano lendo e ouvindo música. Neste ano que eu não estudei e nem trabalhei (e que foi um dos melhores da minha vida, fora os motivos óbvios de não estudar nem trabalhar), eu tive uma idéia para uma série de quadrinhos de 1 página.
As histórias se passavam numa loja de discos e cds e os personagens principais eram um vendedor que só queria vender o que ele gostava e um comprador que passava raiva por isso.
Hoje a idéia soa absurda (afinal, lojas de cds existem ainda ou é apenas uma lenda urbana?), mas na época me pareceu boa. Bolei uma meia-dúzia de roteiros e rabisquei o primeiro.
Logo depois duas coisas aconteceram:
1 - comecei a estudar e trabalhar (damn it!)
2 - Saiu o filme "Alta Fidelidade", baseado no livro do inglês Nick Hornby.

O filme se passa numa loja de discos e ocorriam situações muito parecidas ou idênticas às que eu tinha bolado. Por um lado é bacana porque você pensa "Ei, a idéia é boa mesmo. Tanto que fizeram um filme assim..."
Por outro lado você pensa "Maldito filme idiota!".
Mas não porque ele é idiota (e não é mesmo, é muito legal), mas porque todos vão achar que você está copiando ele. Isso sem falar que ele já é baseado num livro.
Maldito livro idiota!.

De qualquer forma, congelei o projeto por motivos alheios à minha vontade e só voltei a fazer uma outra página vários anos depois. E nunca mais fiz nada à respeito.

Aí você me pergunta: "Mas porquê você está falando sobre isso?"

E eu te respondo: "Sei lá."

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

TV: Extras! Extras! - Vencedor de melhor comédia no Globo de Ouro de 2008


Reações sinceras de um vencedor

TV: Extras! Extras! - 1a. temporada


1: Ben Stiller (Quem vai ficar com Mary?)
2: Ross Kemp (conhecido na Inglaterra)
3: Kate Winslet (Titanic)
4: Les Dennis (conhecido na Inglaterra)
5: Samuel L. Jackson (Duro de Matar 3: A Vingança)
6: Patrick Stewart (Professor Xavier de X-men)

TV: Extras! Extras! - 2a. temporada


1: Orlando Bloom (Piratas do Caribe)
2: David Bowie (ahn.. er.. David Bowie)
3: Daniel Radcliffe (Harry Potter)
4: Chris Martin (vocalista do Coldplay)
5: Ian McKellen (Magneto e Gandalf.. rs)
6: Jonathan Ross (um cara conhecido da TV na Inglaterra)
e Robert De Niro (um ator novato aí)




TV: Extras! Extras! (parte 2)


(Ricky Gervais e Ashley Jensen. Ela é a de saia.)

O seriado é viciante porque tem uma fórmula realmente vencedora: Ótimos atores, coajuvantes famosos (veja lista à seguir), roteiros afiadíssimos e aquele humor inteligente e divertido que só os ingleses sabem fazer.
O seriado teve apenas 13 episódios. 6 deles exibidos em 2005, 6 em 2006 e um especial de natal exibido lá fora neste último final de ano. Ou seja... enquanto um seriado americano, nestes 3 anos faria por volta de 70 episódios de uma série, lá foram só estes. E não é por falta de audiência, mas porque Gervais acha que tudo perde a essência depois de um tempo. Ele já tinha feito isso antes com The Office (seriado que o transformou em estrela e mais pra frente eu falarei) e fez agora de novo. Fiel à seus princípios esse rapaz.

Fica difícil falar dos pontos altos do show. Todo episódio tem vários. E o legal é que ele não se prende à fórmulas e nem ao politicamente correto. Ele fala de nazismo, pedofilia, sexo na igreja, preconceitos com negros e deficientes e o que mais você possa imaginar. Mas tudo flui de tal maneira que chega a soar natural.

Aqui no Brasil a série passou na HBO e não existe em dvd. Aliás, passou batido aqui, parece que ninguém viu, só eu. Ou quase isso. Dia desses o Selton Mello disse numa entrevista que uma das únicas coisas que ele acompanha na tv são os trabalhos do Gervais (que basicamente se resumem a Extras e The Office). O jeito é baixar na internet mesmo (que dispõe também de legendas em português).

E esperar pra ver qual vai ser o próximo clássico que ele vai aprontar.

TV: Extras! Extras! (parte 1)


(Ricky Gervais e seu "apalermado" parceiro Stephen Merchant)

E lá estava eu zapeando em mais uma madrugada e nada de interessante. Quer dizer... eu sou do tipo chato que se algo já começou eu nem quero ver (na esperança de ver inteiro um dia, quem sabe). E sou meio radical mesmo. Se já começou, babau. Acontece que no meio de uma zapeada eu vi uma cena ligeira e dei uma risada. Falei "pronto, já ri, let´s move on". Só que logo em seguida veio outra cena engraçada. Bem, quando percebi tinha visto tudo até o final. Aí, é claro, sai fuçando na net pra descobrir o que era aquilo. O sono estaria fazendo algum efeito estranho sobre mim ou aquilo era realmente engraçado? Sorte minha que foi a segunda opção.

"Extras" é um seriado sobre um figurante de filmes e seriados chamado Andy Millman (vivido pelo excelente o ator, roteirista e diretor Ricky Gervais) . Figurantes, sabe?, aqueles que ficam andando no fundo de uma cena ou, no máximo têm apenas uma fala do tipo "Ele está armado!" ou "Telefone pra você, tenente". Só que a graça é que ele se considera um ator bom e vive tentando crescer na vida artística, mas o azar o persegue. Pra ajudá-lo (ou ajudar seu azar?), ele conta com sua amiga Maggie (a excelente Ashley Jensen , com uma cara de tonta que já é clássica e que está agora no americano "Ugly Betty") e seu agente Darren Lamb (Stephen Merchant, figuraça que divide com Gervais o roteiro e direção dos episódios).

(continua)

domingo, 13 de janeiro de 2008

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

House e Sherlock Holmes



Os coxos também dançam


House é uma reencarnação de Sherlock Holmes. O próprio criador da série não nega as influências


EU PRECISO de ajuda. Urgente. Três semanas fechado em casa, o telefone religiosamente desligado. Trabalho por fazer. Louça por lavar. Amigos que batem à porta, aguardam, desesperam e partem. E eu, com barba de profeta e cabelo de Tarzan, comendo Cheetos e fedendo como a Cheetah, de pijama e robe, e visionando todas as temporadas de "House". Terei cura? Pior: terei defesa? Sim, eu sei: não existe publicação, site ou mero blog que não diga o óbvio. House é uma reencarnação de Sherlock Holmes. O próprio criador da série, David Shore, não nega as influências e as evidências. Sherlock investigava crimes? House investiga doenças. Sherlock não precisava de recolhas empíricas, optando antes, na boa tradição idealista, por deduções científicas? House também não precisa: o doente é dispensável, a doença é tudo que interessa. Sherlock era um solitário e um celibatário? House solitário é.

Sherlock tinha pouco amigos -um único, na verdade? House tem Wilson e sua paciência de santo. Sherlock, nas horas de lazer, permitia-se a umas notas de violino? House prefere a guitarra e o piano. E se Sherlock não resistia ao ópio e à cocaína, House prefere os analgésicos para matar as dores da perna, ou da alma.

Mas isso não chega. É preciso mais. Eu preciso de mais. Porque o sucesso de Sherlock Holmes e de House também explica a época em que ambos viveram. E então recordo Londres, a capital do mundo no século 19, quando Jack, o Estripador andava à solta para a perdição das mulheres. Tirando os melhores bairros, como Belgravia ou Mayfair, Londres era um viveiro de crime e delinqüência. O sítio perfeito para o detetive perfeito. E o detetive apareceu: uma criação de Arthur Conan Doyle que depressa ganhou existência independente do criador. Ainda hoje o nº 221 B de Baker Street recebe correspondência para ele: novos casos, novas angústias, pedidos de horários e de honorários. A porta é sede de um banco, que tem departamento para responder às cartas.

Que, apesar de muitas, vão decrescendo com o tempo. Elementar, meu caro Watson: o crime foi recuando na vida cotidiana do homem ocidental. Tirando bolsas de pobreza e violência, na África ou na América Latina, é possível que um europeu ou um norte-americano atravesse a vida sem jamais conhecer um roubo, uma agressão, um homicídio. Exceto pela TV. O grande medo do século 21 para o Ocidente rico não é mais o crime, como na Inglaterra vitoriana. O grande medo é a saúde: vivemos mais, vivemos melhor; mas essa longevidade, aliada ao culto do corpo e da juventude, tornou-nos mais medrosos, atentos, hipocondríacos.

Foi assim que Sherlock Holmes deu lugar a Gregory House. E foi assim que eu, um amante de Sherlock, encontro House e vicio-me novamente. Amigos vários murmuram que a explicação para o fato não é histórica; é bem pessoal. E acrescentam que eu nunca resisti a coxos, na medida em que também sou um. Mentira. Coxo, House? Coxo, eu? Como Sherlock cem anos atrás, House relembra ao mundo que a única elegância que fica é a inteligência humana a dançar sapateado.

JOÃO PEREIRA COUTINHO
Folha de s. Paulo, 31/10/2007.

Adam Hughes 1



Adam Hughes

Bagaça


(Clique para ampliar)


Laerte

Itanhaém ao amanhecer


Veja o presente, afinal!



Na verdade tem vários, todos vindos de uma comunidade no orkut...a Descontos na Internet 2.0. Tem um bocado de er.. descontos de... ahn.. internet. Já economizei uma grana legal comprando através das dicas e links que os membros postam. São descontos e frete grátis em compras nos sites do Submarino, Americanas, Fnac, Shoptime...

Mas tem um presente real pra vocês. Lá tem uma seção de revistas gratuitas. E, por um período de tempo limitado e indeterminado (se não der certo é porque já esgotou. Mas você dá uma procurada uns dias depois que costumam aparecer novos links), você ganha 6 edições da revista Veja, sem dados bancários. E quando acabar é só procurar um link novo e fazer de novo. Faz mais de um ano que eu faço isso (mas às vezes eles não mandam e você tem que continuar tentando). E só não colocar o telefone que eles não te enchem o saco ;)



E aí, vai continuar sem atualizar o blog, hein, hein, HEIN?