sexta-feira, 14 de março de 2008

O Boquete mais caro da História




O Arnaldo Jabor resgatou ontem, no Jornal da Globo (que aliás, é um dos melhores da TV há tempos) um assunto que de tempos em tempos assombra minha cachola: como o falso moralismo norte-americano afeta suas vidas e as nossas.
O caso mais recente foi esse do governador de Nova York, pego mais ou menos com a boca na botija . Imagine algum político brasileiro renunciando por ser pego traindo a esposa. É inviável. A não ser, é claro, que haja outros fatores por trás (como os interesses escusos do Renan Calheiros). Mas é "engraçado" ver que a maior economia do mundo e auto-propagadora da liberdade de expressão e "verdade" é um atoleiro de hipocrisia.
E isso seria um problema apenas deles, se eles não fossem os donos do mundo. Mas como são, todos pagamos o pato. Senão, vejamos.
O Clinton foi um dos melhores presidentes, em praticamente todos os aspectos, da história dos EUA. A política internacional dele era um exemplo, a economia americana crescia dia após dia, a área social era, na medida do possível, bem cuidada e assim por diante. Tudo indicava que teríamos um terceiro e quarto mandato (via Al Gore). Mas aí veio a Mônica Lewinsky e seu boquete. Falso moralistas que são, os americanos tiraram a vitória esmagadora das mãos de Gore (que ganhou, mas não levou em parte por causa dos arcaicos sistemas de votação norte-americanos, que ainda votam em cédulas de papel e não têm um orgão como o TSE brasileiro. Lá ganha quem grita "ganhei" primeiro) e entregaram a um dos políticos mais estúpidos do planeta, possivelmente. Sua visão torpe e gananciosa jogou os americanos nas guerras que, há tempos, já se tornaram um "Vietnã 2 - A Missão".
Enquanto isso, além das milhares de vidas humanas perdidas, os EUA terminaram por encontrar suas economias em ruínas (ou eles achavam que uma guerra que custa trilhões de dólares sairia de graça?) e a política externa é quase um desastre completo.
Na verdade eu faço uma analogia do Bush com o Lula, que assim que entrou também colocou gente incompetente em praticamente todas as pastas importantes e só por muita sorte (e seu carisma) não levou esse país pro buraco. Só que o Lula, eu creio, não é tão mau quanto Bush e o Brasil não é os EUA.
Agora, a incompetência e ganância estão fazendo os EUA pagar um alto preço. Eles e o mundo, claro. As bolsas caem (em todo lugar), o dólar perdeu seu valor em tudo que é canto do planeta e a seriedade de seu sistema financeiro nunca foi tão questionada.
*
No primeiro pronunciamento pós-escândalo, Eliot Spitzer (o governador de NY) disse que "a política a longo prazo não é sobre indivíduos, mas sobre idéias". O que, convenhamos, faz sentido. Porém ele não agüentou a pressão e renunciou um dia depois.
Ele é a última vítima da hipocrisia norte-americana. Mas ele mesmo é um hipócrita, uma vez que ele mesmo já saiu à caça de casas de prostituição. E, do jeito que os norte-americanos são, isso pode custar de vez a candidatura de Hillary Clinton, que era apoiada por Spitzer.
Agora, é de matar pensar que se a Mônica não tivesse feito o boquete no Clinton (ou ao menos não tivessem descoberto) a História do mundo seria bem diferente. Ao invés da topeira do Bush, teríamos um presidente decente que acabou por ganhar o Nobel da Paz e um Oscar por um documentário mais do que relevante para a conscientização da humanidade em relação ao seu papel no meio-ambiente e no futuro da Terra (que já chegou, aliás).
O jeito é agüentar os próximos meses e esperar que um dos dois democratas seja eleito e tente colar os cacos do que seu país se tornou. Isso se não aparecer nenhum caso extra-conjulgal, claro.


Pra ver (ou ler) a coluna do Jabor, clique aqui!

domingo, 2 de março de 2008

Kaare Andrews: Hulk (Rockwell)



Já que eu desci a lenha no artista no texto abaixo, aqui vai a bacana capa que ele fez do Hulk, em homenagem à ilustração "Runaway" do Norman Rockwell (que aliás, é o barman na versão do Hulk).
Aqui a cópia também foi descarada, mas muito mais bem sucedida (do que Potestade/Cavaleiro das Trevas).


HQ: Homem-Aranha - Potestade


35 anos no futuro, os heróis foram expulsos de Nova York e a criminalidade e a violência estão sob um rigoroso controle. Quando o prefeito anuncia o lançamento do projeto Teia, que impedirá qualquer coisa de entrar ou sair de Nova York, garantindo para sempre a segurança de seus moradores, J.J. Jameson, aparentemente enlouquecido, vai procurar o Peter Parker com um pacote. A idéia é despertar o herói aracnídeo.

Se você é um leitor novo, que começou a ler o Aranha por causa dos filmes, é capaz que você goste desta edição. Agora... se você já leu o "Cavaleiro das Trevas", vai comparar. E vai chegar à conclusão que Potestade é bem fraquinha.
Fora uma ou outra idéia interessante, Potestade é tão mal-escrita e mal-formulada (uma cópia cara-de-pau de "Cavaleiro") que não há prazer em lê-la. Você lê apenas com o objetivo de chegar no final. Só pra dizer que leu tudo.
O artista, Karee Andrews é um capista muito interessante, mas como escritor é uma fraude. E se os desenhos não atrapalham, os cenários feitos em computação gráfica, sim. Dá a impressão de ser daquela leva de hqs que saíram em meados dos anos 1990, da Image, onde não há bom senso para o uso dos efeitos especiais. Ou será que é uma "homenagem" às cores de"Cavaleiro das Trevas 2"?
Não compre esta revista, ela não vale o papel de boa qualidade em que foi impressa.

Cotação: 1 latido